quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dizer a verdade é sinónimo de suicídio

No processo de escolha do tema foram várias as hipóteses que me surgiram e me suscitaram interesse. Optei por descrever o perigo da vida jornalística por estar directamente relacionada com o nosso curso e as aspirações de muitos de nós.
Hoje em dia, o poder de determinados núcleos da sociedade é tal, que dizer a verdade e dar a conhecer a realidade mais obscura se tornou num processo difícil e que pode arcar com consequências muito graves e, em muitas alturas, fatais. Em cada ano morrem dezenas de jornalistas e media workers por todo o mundo.
Assim que decidi trabalhar com este tema, comecei por procurar imagens que pudessem servir de inspiração. Ao longo da minha pesquisa deparei-me com a seguinte imagem:

Achei o conceito muito interessante e decidi construir a minha infografia a partir desta metáfora. "Dizer a verdade é sinónimo de suicídio!"
Pensei qual seria o suicídio que melhor poderia representar, visualmente, os dados dispostos cronologicamente e percebi que o enforcamento seria a melhor opção.
Recolhi silhuetas de enforcados, de máquinas fotográficas e de cordas de enforcamento. Pesquisei os dados no Committee to Protect Journalists e organizei a informação desde 1995 até ao ano corrente.
Na construção da infografia optei por destacar o ano com mais mortes - utilizando a silhueta construída do jornalista enforcado; e apresentar os dados de 3 em 3 anos - graficamente representados pelas cordas. O tamanho dos diferentes elementos foi trabalhado de forma a ser proporcional à informação. A partir de 2007, alterei a escala e inseri os dados gráficos de ano a ano.
Quando terminei esta ideia senti que a infografia carecia na informação, na medida em que faltavam anos cujos dados eram relevantes e que não estavam ali inseridos como consequência da escala por mim escolhida. Optei por introduzir, sob a linha cronológica, um gráfico de barras com a informação de número de mortos de todos os anos desde 1995.
Posto isto, recolhi dados estatísticos acerca de número total de mortos, países de maior ocorrência e tipos de mortes. Com esses dados elaborei um pequeno texto informativo que coloquei no lado mais vazio, equilibrando assim a composição.
Tratada a informação, preocupei-me com o aspecto da inforgrafia: cores, tipos de letra e fundo utilizado. Decidi que as tonalidades variariam apenas entre o branco, preto e cinzento. Utilizei um tipo de letra que fosse facilmente perceptível e optei por colocar todas as letras em maiúsculo, no sentido de reforçar a urgência da situação. Para o fundo, construí um quadro de 7 imagens de jornalistas/fotógrafos e equipas de reportagem que repeti de forma a ocupar toda a composição.
Procurei tornar a infografia sombria. Fazer com que tivesse um impacto capaz de causar o desconforto e alertar para a gravidade deste cenário.
Como aspirante a jornalista, quis enaltecer o trabalho daqueles que se preocupam em revelar a verdade e contribuir para uma sociedade democrática bem informada - mostrar a sua importância e fazer ver que, muitas vezes, a vontade de procurar o que muitos preferem ignorar e a coragem para o fazer resulta num atentado à mais básica liberdade, a do direito à vida.

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